BETS faturam R$100 bilhões: apostas online drenam dinheiro que poderia circular no e-commerce

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Situação pode estar comprometendo o lucro do varejo

Foto: um homem acessa o site de uma empresa BET em um tablet. As BETs viciam e impactam negativamente no mercado.
BETs comprometem a renda familiar e impactam negativamente no e-commerce. Foto meramente ilustrativa: @rawpixel.com

“You bet!” Este termo existe na Língua Inglesa desde 1850. Pode apostar, é uma gíria! Uma gíria que em Português significa “aposta”; e que é específica para reforçar uma afirmação. Seja como for, é daí que vem o nome BET (assim mesmo, em caixa alta) que está em pleno uso pelos sites de casas de apostas no Brasil. Aliás, as BETs estão indo muito bem por aqui. Bem melhor do que muitos varejistas do e-commerce, por exemplo. Mas por que será, hein? É o que tentaremos responder em seguida. Acompanhe!

COMO AS BETS SURGIRAM NO BRASIL?

Em dezembro de 1971, o Governo Federal lançou a Lei nº 5.768 sobre a distribuição de prêmios mediante sorteio. Posteriormente, em 2018, uma nova gestão do governo sancionou a Lei nº 13.756, a qual visava regulamentar as apostas esportivas.

A legislação de 2018, portanto, abriu caminho para as BETs, sobretudo empresas estrangeiras, atuarem no Brasil. No entanto, 6 anos após o sancionamento da Lei nº 13.756, além dos sites legalizados, que são poucos, estima-se que haja mais de 2.000 sites ilegais de apostas no país, de acordo com reportagem do site Campo Grande News.

A atual gestão do Governo Federal sancionou no final de 2023, a Lei nº 14.790 que aprimora a Lei anterior; e entre 2023 e 2024, o Ministério da Fazenda publicou mais de 10 portarias na tentativa de enquadrar as empresas de apostas. Hoje, a Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA-MF) é o órgão governamental que realiza a fiscalização do setor. Continue lendo para saber mais!

QUANTO DINHEIRO ELAS FATURAM?

As BETs estão faturando muito bem no Brasil. De acordo com o time de consultoria da PwC, a Strategy& Brasil, elas lucraram algo em torno de R$60 bilhões e R$100 bilhões em 2023. A título de comparação, as vendas totais do Magalu no mesmo ano foram de R$63 bilhões. Já em 2024, estima-se que as BETs venham a faturar cerca de R$130 bilhões. Conheça, em seguida, as maiores empresas de apostas em atuação no país!

CONHEÇA AS MAIORES BETS EM ATUAÇÃO NO BRASIL!

A plataforma de dados SEMrush listou, recentemente, os sites BET com mais acesso em território nacional. Conforme tabela da plataforma, figuram entre os primeiros colocados a <bet365.com> (com mais de 109 milhões de acessos por mês); <br.betano.com> (mais de 46 milhões de acessos mensais); a <betfair.com> (com cerca de 10 milhões); <sportingbet.com> (também na casa dos 10 milhões); e a <kto.com> (em torno de 4 milhões).

O problema, contudo, não é a existência das empresas BET. De fato, a grande questão é que elas faturam muito alto, drenam recursos de outros mercados e oferecem em troca muito pouco para os cidadãos brasileiros. Além disso, elas provavelmente estão causando um grande transtorno principalmente no varejo online. Saiba mais em seguida!

POR QUE AS BETS PREOCUPAM O E-COMMERCE?

As BETs preocupam não apenas o e-commerce, mas o comércio e a economia como um todo. Isso ocorre por vários motivos. Por exemplo, um estudo da FECOMERCIO SP revelou que 59% dos brasileiros entrevistados apostam online por diversão e entretenimento e 25% para tentar aumentar a renda. Outros 9%, pasmem, o fazem porque consideram isso um investimento. Enfim, 8% porque se viciaram e 1% não soube dizer.

O mesmo estudo demonstrou que 41% dos brasileiros que responderam à FECOMERCIO SP gastariam o dinheiro com lazer e entretenimento, caso não pudessem gastar com apostas online. Além disso, 20% usariam para pagar contas, 19% economizariam, 12% comprariam comida e 9% comprariam roupas e calçados.

Outra pesquisa, desta vez da AGP em parceria com a Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), expõe dados ainda mais preocupantes para o varejo. Conforme este estudo, 23% dos brasileiros que acessam os sites das BETs já deixaram de comprar roupas por causa do vício em apostas; 19% deixaram de realizar compras de supermercado; 14% cortaram produtos de higiene e beleza; e 11%, enfim, diminuíram até mesmo o investimento em Saúde e medicamentos.

Em setembro de 2024, o Banco Central (BC) informou que 5 milhões de beneficiários do Bolsa Família gastaram juntos cerca de R$3 bilhões nos sites das BETs apenas no mês de agosto do mesmo ano. A consultoria Strategy& Brasil, que já citamos no início deste artigo, aponta que devido às apostas online, cerca de R$40 bilhões a R$50 bilhões deixaram de ser investidos na compra de produtos e serviços pelos brasileiros. Isso certamente gera um grande impacto na economia e no e-commerce nacional. Mas como superar isso? Descubra no próximo tópico!

COMO SOLUCIONAR O PROBLEMA?

Como visto, as BETs podem causar vício, endividamento, inadimplência, comprometer a renda familiar e outros problemas que são a porta de entrada para problemas ainda mais graves. Elas também desfalcam setores como o comércio varejista, desequilibrando a economia. Felizmente, para isso há várias soluções. É possível, por exemplo:

  • Apertar a regulamentação e a fiscalização das BETs, e exigir delas mais transparência;
  • Restringir a publicidade das BETs, principalmente para crianças e jovens e em horários e locais específicos;
  • Apertar as regras do Bolsa Família para impedir que os beneficiários usem o dinheiro que recebem do programa em apostas;
  • Rever a taxação das BETs de forma a reverter mais recursos para programas sociais e Saúde Pública;
  • Proibir o uso de cartões de crédito para a realização de apostas;
  • Criar programas de tratamento contra o vício em apostas;
  • Promover a educação financeira para a população em geral, talvez até no âmbito escolar;
  • Incentivar formas alternativas de entretenimento.

Os varejistas também podem contribuir com soluções. Pressionar o Governo Federal, por exemplo, a endurecer a fiscalização das BETs é uma das formas de fazer isso. Ações como estas podem trazer mais crescimento para o e-commerce.